sábado, 18 de fevereiro de 2017

Árvore




Lembro-me vagamente, da arvore.
No meu caminhar, vê-la novamente, agora sem folhas, se movendo calmamente ao vento,
fez minha memoria se perder, voltando onde já não pisava a eras, como que à outra vida, muito ja distante.
Entender que certas memorias, hoje repudiadas, como que trancafiadas dentro de si ainda permanecem, parece-me injusto. Eu fizera bom esforço para apaga-las, como se pintasse novamente, dia a dia, os muros internos de minha mente e coração, com novas tonalidades.
Quando tudo já era nada, e o futuro já era passado, me dei conta de que tristemente repintava estes meus muros internos, não com tintas, mas com próprio sangue e lagrimas.
Talvez sejam as lagrimas o motivo, uma razão para que o passado pareça como filme distorcido, ou uma pintura borrada. Talvez molhando eu as tenha borrado, e as salgado o suficiente para que perdessem a doçura, que possuíam naturalmente.
Hoje já não sou o mesmo. A arvore, hoje possui outro aspecto. Parece sóbria um pouco triste, sem folhas, distante, e reflexivamente serena.
Aquela arvore, com sua postura poética, outrora majestosa, fora objeto de nossa mútua admiração. E quando pensei que lhe havia apagado por completo de mim, ao revê-la estranhamente pude sentir vividamente o perfume, seu sons, e sua vivacidade delicada.
O que eu pensara haver esquecido por completo, apenas descubro eu, ter descreditado ao longo do tempo,
como tendo sido ainda nesta mesma vida.

Luis Guilherme P. Fernandes